Sen produtos
É o mel negro entre as rochas,
são os seres que nunca se veem,
aquelas que moram entre as pedras,
nos círculos irregulares,
que deixaram de ser.
É o urso entre as rochas,
é a raposa que nunca se vê.
É a minha vida entre os carvalhos do Monte da Vara,
entre as sombras do Abesedo de Donis,
no caminho do Miravales,
um licor na Cantina,
a senda que sobe até ao céu.
O branco impossível da neve,
a presença silente do lobo,
a tua forma de tropeçar com todas as pedras,
quase vinte anos a percorrer os caminhos,
e toda a vida para construir a memória
de cada pedra,
de cada árvore,
de cada pegada na neve,
de cada desejo de ser.
São os seres que nunca se veem,
é o mel negro que nunca comerei.